A Criança Geopolítica assistindo ao nascimento do novo homem, Salvador Dali

A Criança Geopolítica assistindo ao nascimento do novo homem, Salvador Dali
Ars longa, vita brevis

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Em comemoração aos 123 anos de nascimento do bardo português, alguns versos de três de seus infinitos heterônimos:





XXXIII - Pobres das Flores
 
 
     Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.  
     Parecem ter medo da polícia...
     Mas tão boas que florescem do mesmo modo 
     E têm o mesmo sorriso antigo
     Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
     Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
     Para ver se elas falavam...


 Heterônimo: Alberto Caeiro; Imagem: Almada Negreiros.





Sábio

 

Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo,
    E ao beber nem recorda
    Que já bebeu na vida,
    Para quem tudo é novo
    E imarcescível sempre.

Coroem-no pâmpanos, ou heras, ou rosas volúteis,
    Ele sabe que a vida
    Passa por ele e tanto
    Corta à flor como a ele
    De Átropos a tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
    Que o seu sabor orgíaco
    Apague o gosto às horas,
    Como a uma voz chorando
    O passar das bacantes.

E ele espera, contente quase e bebedor tranqüilo,
    E apenas desejando
    Num desejo mal tido
    Que a abominável onda
    O não molhe tão cedo. 


Heterônimo: Ricardo Reis. Fotografia de Albert Einstein.







O Binômio de Newton
 
   O Binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.
   O que há é pouca gente para dar por isso.    óóóó — óóóóóóóóó — óóóóóóóóóóóóóóó
   (O vento lá fora.)


Heterônimo: Álvaro de Campos; Imagem: O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli.




 

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